Consentimento

Falar, entender e praticar o consentimento é acolher com cuidado e carinho os limites individuais do outro e de nós mesmos. 

A psicóloga Arielle Sagrillo Scarpati destaca que as ”relações sexuais saudáveis — dentro ou fora de um relacionamento — envolvem a negociação quase que contínua das atividades que vão acontecer. 

O consentimento deve ocorrer continuamente ao longo de cada encontro sexual. E quando falamos sobre consentimento nas relações, estamos considerando as casuais, as longas e as curtas.

No momento em que sentimos que algo não faz mais sentido, que não curtimos mais ou que não é mais prazeroso — mesmo que tenhamos concordado inicialmente em fazê-lo — temos o direito de mudar de ideia a qualquer momento da relação, sem que isso implique em um problema para a outra pessoa.

Ultrapassou a margem consentimento? É estupro. Quando nossas vontades são desrespeitadas, é estupro. Quando o beijo, a carícia ou qualquer ato libidinoso acontece sem nossa permissão, é estupro. Se estamos inconscientes, alcoolizadas(os), desacordados(as) ou drogadas(os), é estupro.

Qualquer prática sexual ou lasciva que não foi consentida, é considerada como estupro. E isso é válido para situações em que o "não" não é verbalizado também!

Justificativas como ”ah, mas ele é meu namorado ou esposo", ”só foi um oral" ou ”já ficamos outras vezes" não garante passe livre para assediarmos ou forçarmos relações sexuais com a outra pessoa. 

"É evidente que quando não há consentimento, existe um estupro, e não é apenas dizer sim ou não que dá o consentimento”, afirma Viviana Waisman, especialista em direito internacional dos direitos humanos e de gênero.

A campanha Consentimento é Tudo, desenvolvida pela Polícia de Thames Valley da Inglaterra, ilustra bastante o que estamos falando.


O desejo de desmontar o patriarcado tem que vir de todos e todas

De acordo com a lei brasileira, em casos de assédio ou abuso, o "não" é cobrado da vítima — mesmo que ela não tenha dito "sim" em nenhum momento. Segundo Maira Pinheiro, advogada criminalista, “isso acontece porque o direito foi pensado por homens e criado para homens, com base em uma estrutura patriarcal".

Vem cá pensar com a gente: se estamos todas e todos mergulhados em um sistema que foi estruturado no pensamento de que o homem tem domínio sobre os corpos femininos, fica claro como o machismo está enraizado na nossa sociedade, né? 

Estar abaixo hierarquicamente da classe masculina revela que, cruelmente, as mulheres estão à serviço de seus desejos, suas vontades e das desigualdades que flutuam nesse sistema.

Por isso é tão importante entender como a cultura do estupro está vinculada às normas patriarcais para podermos combatê-la, sabe? 

Uma série que fala muuuito sobre corpos que vivem livremente sua sexualidade mas que vivenciam abusos traumáticos e encontram coragem e força para falar sobre isso, é a I May Destroy You, da HBO. Recomendamos e amamos. <3

Promover ações, não se calar, respeitar as pessoas, estar mais juntos e juntas combatendo esses padrões de comportamentos nocivos é nosso dever. 

Então vem com a gente nessa jornada?

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